 | |
Foto: Paolo Martinelli/Divulgao |
nica mulher em uma famlia de professores, a paraibana Maria Albuquerque Miranda deveria seguir a tradio e tornar-se educadora. Mas sua voz era potente demais para as paredes de uma sala de aula. Desafiando normas, trocou o giz pelo palco, adotou o nome artstico de Roberta Miranda e, com sua rebeldia inata, conquistou o trono do sertanejo – um territrio ento dominado por homens e distante do Nordeste. Hoje, s 21h, no Teatro Guararapes, essa trajetria inspiradora ser celebrada com o show Infinito, dedicado s mulheres que, como a artista, recusavam-se a se contentar com pouco.
Infinito uma homenagem ao pblico fiel que acompanha sua jornada h dcadas. Realizado s vsperas do Dia das Mes, o espetculo ganha contornos ainda mais especiais. “Esse projeto um espelho da mulher brasileira, com toda paixo, garra e fora que carregamos. Podem esperar muitas joias”, destaca a cantora, em conversa exclusiva com o Viver.
O ttulo escolhido a metfora perfeita para quem no enxerga um ponto final na arte. “Hoje, o pblico que me acompanha j est na quarta gerao. uma histria construda dia aps dia, ano aps ano. Por isso, encaro esse momento como uma festa. E tenho muito orgulho de saber que foi o povo que consagrou Roberta Miranda como rainha de um gnero to masculino”, celebra ela, falando de si na terceira pessoa.
O repertrio do show reflete a grandeza de uma artista que est entre as mais bem-sucedidas da msica popular brasileira. Roberta Miranda eia por seus maiores sucessos, entre eles Majestade O Sabi, hino lanado pelo saudoso Jair Rodrigues, Sol da Minha Vida e V com Deus. “Essa tambm surpreende com prolas como Garom, clssico do pernambucano Reginaldo Rossi, com quem a artista gravou um dueto em 1999. Tem msicas romnticas, claro, mas um espetculo danante, cheio de energia, que desperta saudade viajando no tempo. pura emoo”, avisa a paraibana.
E essa emoo tem endereo certo: suas razes nordestinas. Responsvel por abrir espao para a msica sertaneja na regio, Roberta nunca deixou de levar consigo o sotaque marcante da sua terra. “Claro que o forr est presente porque no pode faltar de jeito nenhum”, garante a cantora, que embalou nas rdios, nos idos de 1986, Meu Dengo. “O show ecltico, sim, mas o alicerce o gnero que me abraou, o qual eu represento com muito orgulho”, completa.
Nos anos 1960, quando trocou Joo Pessoa por So Paulo, ela mal podia vislumbrar o futuro que a aguardava. Hoje, Roberta Miranda no s tem um lugar cativo no panteo da cano brasileira como pavimentou o caminho para que toda cantora sertaneja possa sonhar em ser, quem sabe, uma nova Roberta. “Fui visionria, sempre olhando tudo pela perspectiva feminina. um grande orgulho ter ajudado essa nova gerao a ganhar o mundo”, afirma a artista, cuja histria no se mede em discos vendidos, mas em portas abertas para quem veio depois.